Mesas

Não pretende ser uma incursão por outros temas e assuntos. Nada disso. É antes o registo de um certo número de momentos, de ocasiões, de coisas que marcaram, que me fizeram feliz. Que me deixaram, é mais correcto, profundamente satisfeito e saciado. Digamos que me deixaram de pança cheia e com a gula empanturrada. Estiveram, a pança e a gula, limitadas apenas pelas paredes de um saco a que chamamos de estômago. Na verdade, dei comigo a desejar ter dois e poder geri-los a meu belo prazer. Assumo que gostava de ser ilimitado na capacidade de ingerir alimentos. Talvez um dia, quem sabe. É que comer é um prazer, onde o orgasmo acaba sempre por acontecer.

Portentosas bifanas, em que o molho onde foram marinadas, estufadas, temperadas são o negócio da coisa. É meter a carcaça ou o papo-seco na frigideira para ensopar, antes de a rechear com a bendita carne.  
Fatias de porco assado, como gosto. Com gordura, a tornarem a carne suculenta, húmida. Bem longe daquelas miseráveis fatias secas, sem sabor, inócuas.  
Frescura de um tomate da terra. Simples e saboroso. Soube pela vida.
Quem disse que não se come comida de sustento em dias de Verão? Claro que se come. Foi o reencontro com algumas das minhas tradições. 
Um lanche, um petisco ou aquilo que chamamos vulgarmente de entradas. Preparam o estômago, lubrificam os maxilares.  
E quando se transformam as maçadoras batatas em algo que faz esquecer o conduto? Bastou serem regadas por azeite em quantidade farta, temperadas com carradas de alho e orégãos, após terem sido mediamente cozidas com casca. Depois é irem para a grelha.
Verão sem sardinhas, não tem qualquer sentido. E é só!
Outro Prelúdio, desta vez com uma salada de pimentos superiormente temperada. Digamos que acompanhada por pão, bastaria. Na verdade, quase bastou. 
Cores e frescura. Olhando para a foto, será preciso dizer mais alguma coisa? Não creio.
O Bacalhau para a sopa de tomate. Na versão que mais gosto, tem que ter bacalhau. O ovo, para mim, é dispensável. Mas não renego. Fica-se com o corpo preenchido.
Verde. A cor que gosto, apesar de não acreditar na esperança. 
Observem. Representa a hospitalidade de uma casa. Acabado de chegar, a mesa foi posta, os copos distribuídos, garrafas abertas (não me lembro do que bebi), canivetes facultados. Comeu-se e falou-se. 
E fica aqui arquivada, neste pasquim, onde as regras estipuladas, sejam elas quais forem, são as minhas, a homenagem a todas as pessoas que perderam o seu tempo a fazer o que fizeram. E até à próxima.

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