Scala Coeli (Alentejo) Tinto 2006, outro desvio à Moda!

O outro vinho de topo da Fundação Eugénio de Almeida. É feito com Syrah. Sofreu um estágio de 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Na mesa coube-me o vasilhame 4211 (num universo de 6799). Ganhou o prémio de Melhor Vinho Tinto na Essência do Vinho, edição de 2009. Um vinho que, apesar de medalhado por quem sabe, passou quase despercebido por entre vinhos que custavam metade ou menos. Foi vítima de uma prova cega organizada por mancebos.
Adoro assistir
(e contra mim falo) à queda de gigantes em cenários repletos de consumidores. Será a nossa boca tão diferente da boca daqueles que o elegeram. Terão eles apetrechos que eu não terei. Haverão no mercado kits de melhoramento? Preciso de um e com urgência. Começa a ser um lugar comum, e motivo de chacota, gostar ou detestar de coisas completamente diferentes do mainstream enófilo.
Vasculhando estes 3 anos como blogger, constato que tive muitos desvios à moda. É, assumidamente, um facto que merece forte reflexão da minha parte e quiçá, quem sabe, mudar de agulha, tornando-me mais popular. Aliás, reparo com um olhar agudo sobre a dificuldade que existe, neste país, para lançar uma opinião diferente sobre determinado assunto. A enofilia não é excepção.
Bom adiante, que se faz tarde. Falemos, um pouco, do tinto em questão. Aromas de fruta madura, perigosamente directa. Estilo doce.
Estava latente uma esquisita sensação. Tinha ali algo produzido de modo irrepreensível, mas estranhamente decapitado de personalidade, de alma e de nervo.
Adensou-se a linearidade
com uma forte impressão a chocolate de leite, clarinho e com açúcar. Uma leve passagem pela especiaria e pouco mais disse, pouco mais largou no ar.
O sabor voltou a surgir directo. Muito rectilíneo e previsível. Salvou-se, ainda assim, a acidez que tentava combater toda aquela exagerada meiguice. Foi mau companheiro para a mesa. O final, esse, parecia um pouco tolhido.
Dizer que foi um vinho correcto e bem feito é muito pouco para o preço que custa e para fama que tem. Enfim, coisas minhas.
Resta-me, agora, voltar a provar e gostar dele. Não será a primeira vez e nem última que tal acontece. Nota Pessoal: 14,5

Post Scriptum: Estamos a falar de um vinho que passa facilmente os 60€/70€ em muitos locais. Para quê?

Comentários

Parabéns por esta prova... Bom texto...

Se conseguires arranjar o Kit de melhoramento, arranja 2 aqui pós manos... Temos o chaci empenado... hehe

Abraços
Pedro Sousa P.T. disse…
Eles que fiquem com os 60€/70€. Por mais que cada um goste do que goste, indpendentemente do vinho que estamos a beber, ao dares um 14,5 ponho-me logo alerta para não comprar. Como tu próprio dizes, não és nenhum guru supra-sumo vinícola, mas já não andas aqui propriamente à dois dias para seres um "mancebo". Para além de isto tudo, já leio o teu blog desde práticamente o princípio, e portanto estou à vontade para seguir os teus concelhos.

Abraço.
Alberto Manuel disse…
Este estava com grande destaque ao lado da Quinta da Touriga Chã (30€) (um vinho fabuloso) no Vinho e Coisas.

Pela critica em comprava o Touriga de olhos fechados.