Quinta do Infantado Reserva (Porto) Dona Margarida

Não compro tawnys genéricos. Vai distante, muito distante, o tempo em que bebia aqueles Portos de gama baixa, que eram temperados com limão ou lima e refrescados com uma pedra de gelo. Sem esta combinação, eram particularmente desinteressantes e enjoativos.
Ao passar pelas prateleiras, reparo com alguma atenção para um vinho do Porto com o Selo de Melhor Compra atribuído pela Revista de Vinhos. Assolado pela distinção e recordando, momentaneamente, a nota que levou, arrisquei na compra.
Foi aberto, e aqui entre nós, com enorme desconfiança. Parecia-me quase impossível que dali saísse qualquer coisa de atraente. Não podia. Tinha oferecido pouco menos de 9€ pela garrafa.
Mas larguemos a ladainha (que já dá para ter um texto de dimensão razoável).
Aromas ricos em frutos secos, bem misturados com figos e passas. Notava-se que havia ali, também, uma forte presença de tostados. O café era, por demais, evidente. Um pouco de chocolate com leite e caramelo faziam-lhe companhia. Nunca se tornou enjoativo, revelando uma surpreendente frescura e finura, que foi melhorando, dia a após dia. Um pouco de iodo (e vinagre) ia dando, de tempos a tempos, complexidade.
O sabor tinha sensações secas. Avelãs, nozes e amêndoas. Bem embrulhadas (pelos tostados). Fresco, vivo e com bom prolongamento. O final tinha a duração suficiente para largar (na boca) um conjunto de sensações bem apetitosas.
Encerro dizendo: Comprem e bebam. Sintam as nuances que ele vai tendo depois de aberto. Para estar sempre pronto no frigorífico. Nota Pessoal: 16

Comentários

Amigo Rui, dando a minha opinião, a Quinta do Infantado desde sempre me acostumou a grandes relação preço/qualidade.

Seja na gama dos vinhos de mesa, ou dos fortificados a verdade é que são sempre vinhos que seguramente valem o preço, ao invés de tantos outros que custam mais e nos levam na onda da desconfiança.
A conversa do desconfiar quando o vinho é barato... talvez os outros é que andam a pedir dinheiro a mais.

Este foi um como tantos outros, que tive conhecimento dele através da Revista de Vinhos que o provou e deu a conhecer... não fosse assim e talvez me fosse passar ao lado, mas o papel da crítica é de informar e foi cumprido.

Se aliarmos a confiança que já tinha no produtor e na marca, ao destaque que teve na Revista de Vinhos, nunca seria de estar de pé atrás na altura da compra ou sequer da prova.

Abraço