Rodeio Dão Reserva 2002

Conheciam este tinto do Dão engarrafado pela Quinta de Darei? Vi-o no meio de uma prateleira, enfiado lá no fundo. Pediam por ele 7.99€. Trouxe-o, naturalmente, para casa. Não fazia a mínima ideia que a Quinta de Darei tinha enriquecido o seu portefólio com um Reserva de 2002 (engarrafado em Junho de 2004). Havia, da minha parte, muita curiosidade em perceber que vinho era este.
Austeridade surpreendente. Fechado inicialmente, com os cheiros da madeira a dominarem a seu belo prazer. Pouco evidente. Parecia querer desafiar. Desmontar as minhas fragilidades (que são muitas). Não podia ser. Era um tinto de 2002, o tal ano maldito.
Nas calmas, deixei que ele fosse despertando. Os frutos silvestres começam a desviar o efeito da madeira. Balsâmicos (há muito que não falo neles) e pinheiro refrescavam o que ia saindo de dentro do copo. Sempre com contenção e mantendo austeridade. Nada de floreados sem sentido e discursos inócuos.
Um ar perfumado por rosas e violetas solta-se quase no fim. E a madeira? Essa, volta na volta, oferecia-me cacau em pó, fumo, uma nesga de canela e caramelo.
Em termos gerais, os aromas sugeriam um bom nível de complexidade (não estava decididamente à espera). Existiram momentos em que tive de imaginar o que poderia estar ali.
O paladar era sadio. A acidez tinha sido colocada de modo que ele não perdesse frescura. Mostrava músculo e nervo enquanto andava pela boca. Tinha alma. Quando ia embora, ficavam sensações balsâmicas e tostadas.
Um tinto do Dão, com 12,6% de graduação alcoólica. Fiquei com a leve ideia que tinha estrutura, cabedal, para continuar a evoluir. Não deu qualquer indicação que o final estava para breve. Foi uma grande surpresa. Muito grande. Quando a madeira ficar mais controlada, acredito que será ainda melhor. É uma aposta minha. Nota Pessoal: 16

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