Fiuza Premium 2004

O Ribatejo é uma região que tem tanto de apaixonante como de incaracterístico. Consegue conciliar aspectos culturais, sociais, identificativos de outras regiões do país. A norte apresenta-se beirão, mais verde, mais húmido. A sul mostra um ar quente, mais sereno, influências do vizinho Alentejo. Uma região criada, separada a partir de outra província; Estremadura (também esta culturalmente muito incaracterística).
Pessoalmente, e apesar de não viver no Ribatejo, (vivo numa vila que está colada a esta província e que partilha inteiramente os mesmos usos), observo com alguma admiração o que é viver, com fervor, uma das mais fortes tradições dos Ribatejanos. A paixão pela festa brava, pelo campino, pelo touro. Vou tentando, de modo bastante analítico, compreender, mas dizem que é algo que não se explica, não se aprende. Vive-se. Acredito.

Sobre os vinhos, e depois de um passado agarrado ao vinho a granel, têm surgido no
s últimos anos um conjunto de produtores que, ano a pós ano, colocam à nossa disponibilidade um leque (muito) interessante de produtos. Todos eles caracterizados por boas relações preço-qualidade. A título pessoal, aprecio mais os brancos ribatejanos. No entanto, partilho com vocês um tinto.

"A família Mascarenhas
Fiuza
é herdeira de uma tradição secular na Viticultura e na produção de vinhos. Já possuidor de vinhas situadas no Ribatejo, na região demarcada de Santarém, e plantadas com castas exclusivamente portuguesas, nomeadamente Touriga Nacional, Aragonês, Vital, Castelão e Fernão Pires entre outras, Joaquim Mascarenhas Fiuza adquire a Quinta da Granja onde decide plantar castas de origem francesa, sendo elas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Neste conjunto de vinhas são produzidos vinhos de monocastas francesas e vinhos com castas portuguesas.
Detentora de quatro quintas, todas situadas na zona geográfica do Ribatejo, possui uma área de produção de 120 hectares de vinha, distribuídos pelas zonas de Almeirim, Alcanhões, Romeira e Azambuja. Estas quintas são dotadas de excelentes infra-estruturas desde os tempos em que os grandes ranchos se deslocavam e ali permaneciam durante as campanhas."
Fiuza Premium 2004
, um vinho ribatejano bem composto, de vestimenta justa ao corpo. Com estilo marialva e alguma fidalgia.
Cheiros frescos, onde as flores combinavam com as ginjas, a hortelã, o café, o chocolate. Num registo ameno, conciliador, tal como a imagem de uma lezíria. Boa amplitude, espaçoso. Sem apertos.
Na boca, manteve a linha fresca, onde acidez (assertiva) marcava o timbre, o compasso do vinho (pareceu-me indicar alguma capacidade para evoluir). Bom prolongamento, finalizando a demonstração com sabores a grão de café e chocolate em pó.
Um vinho ribatejano muito correcto, bem aprumado e saboroso. Moderno, com um bom nível de complexidade. Um vinho para agradar, sem descurar outros voos (bem mais altos). Nota Pessoal: 15,5

Comentários

Anónimo disse…
Sem dúvida que a imagem do Ribatejo mudou radicalmente nos últimos anos, graças à acção de casas como esta, a Fiúza, mais a Casa Cadaval, a Quinta da Alorna...
Já lá vai o tempo do carrascão do Cartaxo ou de Alpiarça, agora há vinhos bem feitos e elegantes.

Deste Premium também há uma garrafa à espera de uma oportunidade, comprada com a Revista de Vinhos.
Anónimo disse…
Não gostei muito do Fiuza 3 castas, mas o Chardonnay é de se tirar o chapeu. Este Premium não vou falhar, e acho que tem uma boa relação qualidade/preço. Abráços
Pingas no Copo disse…
Caros amigos, particularmente sou um adepto dos brancos. Gosto muito do chardonnay da Alorna. Nos tintos nunca olhei a sério para eles, tirando o Quinta do Alqueve. Gostei muito do Syrah com Touriga Nacional 2001. Um belo vinho.

Este Prémium é um tinto bem "polido" e pareceu-me capaz de aguentar mais um tempinho em garrafeira.

Mas como tudo, o gosto pessoal é que vai mandar.
Dos vinhos Fiuza os que mais me chamaram a atenção foram o Chardonnay e o Reserva 96... nem sei se tem novo reserva já no mercado.
Pingas no Copo disse…
Já que falamos de vinhos ribatejanos, não esquecer a Companhia das Lezírias que está a querer também entrar no mundo dos vinhos. Recentemente lançou os novos arinto e fernão pires.
NOG disse…
Para mim, um dos melhores de sempre da casa Fiuza.

N.
NOG disse…
Ah, já me esquecia... branco do Ribatejo: aposto tudo no "Casa da Atela Sauvignon 2005".

N.
Pingas no Copo disse…
Nuno por acaso aposto no Quinta da Alorna Chardonnay. Vinhos requintados.